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Em conversa para o podcast "O Café e a Conta", Renata Cruz discutiu sobre o desafio enfrentado por empreendedores do setor em atrair e manter funcionários qualificados

Compreender o propósito do negócio e como cada um contribui para algo maior é essencial para o engajamento e assim, retenção dos colaboradores .Foto: Divulgação

Empreendedores do setor de bares e restaurantes enfrentam o desafio constante de não apenas atrair, mas também reter talentos qualificados. Isso vai além do simples pagamento de salários justos; envolve criar um ambiente onde os funcionários se sintam parte de algo maior, conectados com o propósito do negócio.

Em entrevista para o podcast O Café e a Conta, Rê Cruz fundadora do Foodness, empresa de estratégia gestão e consultoria para negócios de alimentação fora do lar, conversou mais sobre o engajamento na equipe para retenção de funcionários, um dos assuntos mais buscados por empreendedores do setor no atual momento do setor.

Renata é uma das palestrantes do Fórum Bares & Restaurantes, que será realizado no dia 13 de junho na Fispal Food Service em São Paulo.

O Café e a Conta: Renata, com mais de 20 anos de experiência no setor, como você observa a mudança de comportamento do colaborador que atua no mercado em 2024?

Renata Cruz: De fato ocorreu essa mudança nos últimos anos, principalmente após a pandemia. Muitas pessoas migraram de segmentos e o avanço da digitalização também contribuiu para isso. Por exemplo, um garçom pode além de ter esse trabalho, dirigir um carro de aplicativo, isso impacta na oferta de mão de obra.

Outra questão é relacionada a geracionais de valores de relação com o trabalho, de relação com o tempo livre com a família, etc. Precisamos nos adaptar com as mudanças do mercado, questões relacionadas aos formatos de contratação.

O setor sofre com problemas de mão de obra e para começar, acredito que a tenhamos que mexer em vários fatores. E acho que uma forma de contornar a situação é fazer com que a vaga seja atraente para os que estão em busca de emprego e adaptar as vagas conforme as gerações.

O líder assume um papel muito importante no momento de retenção de seus colaboradores com essas mudanças no mercado, aquele que não escuta e não tem um bom diálogo entre a equipe está perdendo seu espaço no mercado?

Sim, acredito que esse indivíduo pode passar por uma transformação significativa. Isso não implica que ele seja irrelevante ou que deva ser descartado. Ao contrário, ele precisa ter a oportunidade de reavaliar sua abordagem à liderança e redefinir seu papel.

Muitas vezes, as pessoas aprendem a liderar de uma certa maneira, talvez pensando que para ser um bom líder é necessário ser rígido, duro, e não demonstrar muita empatia. Se começarem a receber outras influências e oportunidades para aprender e crescer, como oferecer novas perspectivas e apoio educacional, é possível que descubram habilidades emocionais latentes que os permitam pivotar seu estilo de liderança.

Isso não só é benéfico para eles pessoalmente, mas também para o negócio, promovendo uma mudança positiva e construtiva.

Existe uma distinção entre simplesmente cumprir tarefas de forma mecanizada e verdadeiramente desempenhar um papel entendendo seu significado e propósito. Você acredita que isso seja crucial quando abordamos a retenção de funcionários no setor de bares e restaurantes, Renata?

Sim, e isso começa desde o início, quando consideramos a questão de valores do meu empreendimento e deixo isso claro quando estou entrevistando alguém.

Se nos limitarmos a perguntas burocráticas sobre experiência passada e habilidades técnicas, perdemos o essencial. Prefiro iniciar a entrevista explorando os valores e propósitos da pessoa. O que a motiva? Como ela estrutura sua vida familiar? Também gosto de fazer perguntas que não têm relação direta com o trabalho, como o que faz nos finais de semana ou nas férias. Essas questões revelam aspectos importantes sobre o alinhamento da pessoa com a empresa e a equipe.

Quando fazemos nossa primeira contratação, há uma oportunidade valiosa na legislação trabalhista: o período de experiência. Devemos utilizá-lo para avaliar não apenas as habilidades técnicas, mas também o comprometimento da pessoa, sua conexão com a equipe e sua disposição para aprender e crescer.

É crucial entender o perfil emocional do candidato, pois ensinar habilidades técnicas é mais simples do que mudar a personalidade de alguém. Se alguém demonstra dificuldade em trabalhar em equipe e falta de empatia, é improvável que mude, a menos que esteja genuinamente comprometido com a mudança.

É papel do líder reconhecer que quem contratamos e quem demitimos reflete diretamente na cultura da empresa. Manter alguém que é eficiente tecnicamente, mas que desestabiliza a equipe com seu comportamento, envia uma mensagem clara sobre os valores que realmente importam na empresa. Se insistirmos em manter alguém que não respeita os outros ou não contribui positivamente para o time, estamos comprometendo nossa cultura organizacional, não importando quão bonitas sejam as frases nas paredes

Essa métrica de salário é a única coisa capaz de fazer com que a permanência de um funcionário seja estabelecida é outro ponto importante. Você considera uma falácia, podemos considerar que a remuneração não tem mais a capacidade de reter os funcionários?

Eu acredito que isso nunca foi tão evidente como é agora, especialmente para uma geração que valoriza mais do que apenas dinheiro e sucesso profissional. Não se trata apenas de ganhar muito dinheiro, o que sabemos que nem sempre é possível em nosso setor. É sobre viver com pessoas que apreciamos e dedicar-se a um propósito que realmente nos conecta com o negócio ou marca.

O sentido de pertencimento também é fundamental. Compreender o propósito do negócio e como cada um contribui para algo maior é essencial para o engajamento.

Por último, o desenvolvimento e crescimento pessoal são essenciais. Todos desejam progredir e melhorar. Oferecer oportunidades claras de desenvolvimento interno ou externo é crucial. Às vezes, isso significa iniciar alguém no primeiro emprego e capacitá-lo para o futuro, mesmo que não possa crescer internamente na empresa.

Entretanto, também há momentos em que precisamos reconhecer quando alguém deve seguir em frente, mesmo que isso seja emocionalmente difícil. Às vezes, é hora de voar para novos desafios ou fazer uma recomendação para outra empresa que possa oferecer melhores oportunidades de crescimento.

Confira abaixo a entrevista completa com Renata Cruz para o podcast O Café e a Conta!

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