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Diretor institucional da Abrasel em São Paulo, Percival Maricato aborda desafios e oportunidades para bares e restaurantes

Bares pelo Brasil ainda enfrentam dificuldades para encerrar o mês com lucro. Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

Em um contexto pós-pandemia, os bares e restaurantes enfrentam desafios persistentes que afetam sua lucratividade e mesmo a sobrevivência, encarando dificuldades especialmente pelo crescimento de dívidas atreladas aos juros, de acordo com Percival Maricato, diretor institucional da Abrasel-SP e diretor presidente do conselho da Escola de Bares e Restaurantes (Esbre).

Em entrevista ao Guia da Cerveja, Maricato apresentou sua visão sobre a situação do setor e suas perspectivas. Ele destacou a dificuldade enfrentada pelos bares para lidar com os juros, com a taxa básica, a Selic, em 13,75% desde agosto de 2022, mais de 10% acima do período de início da pandemia, quando muitos estabelecimentos precisaram recorrer a empréstimos.

Além disso, ele reconheceu que o impacto do modelo híbrido em bares próximos a escritórios veio para ficar e precisará ser encarado pelos estabelecimentos, assim como a percepção de desaceleração econômica em 2023, mais um desafio para quem lida diretamente com os consumidores.

A fase aguda da pandemia já passou, mas é sabido que bares e restaurantes sofreram muito com os impactos das restrições impostas. Quais desafios permanecem e como os estabelecimentos estão lidando com eles?

Estamos em situação difícil, 70% dos estabelecimentos ou dão prejuízo ou no máximo estão trabalhando sem lucro, empatados. O maior problema está nos juros. Milhares de bares tomaram empréstimos com os juros em 3,5% e agora estamos em 13,75%. Isto é impossível de pagar.

O modelo de home office está praticamente escasso no mercado de trabalho, mas diversas empresas estão adotando e fixando o formato híbrido. Você consegue perceber se isso causa impacto nos bares? Quais são os desafios e oportunidades que esse cenário acarreta?

O home office prejudicou muito mais na época da pandemia e em determinadas regiões, onde se têm muitos prédios de escritórios. Atualmente, esse efeito, com adoção do trabalho híbrido, ainda se faz sentir, mas de forma mais amena. O setor terá que se acostumar e ir se adequando.

A percepção, hoje, é que o Brasil vive um momento de desaceleração econômica, tanto que o PIB recuou no último trimestre de 2022. Enquanto diretor da Abrasel-SP, você tem essa mesma visão? E como isso impacta no setor?

Nos últimos anos do governo anterior, tínhamos visto ações ou fatos que nos alertavam para um ano difícil em 2023: a redução do preço dos combustíveis exigindo que estados os isentasse de ICMS, os adiamentos no pagamento dos precatórios, a queda do salário médio do brasileiro, endividamento das famílias, aumento dos juros, cobrança de tributos e outras contas que sobraram da pandemia. Isso nos levou a informar aos proprietários que 2023 seria um ano de recuperação. Não obstante, estamos lutando para sensibilizar os governos a auxiliarem o setor e evitar fechamento de empresas.

Fonte: Guia da Cerveja

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