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Por Gabriel Lacerda

Empreendimento começou na beira da estrada com duas pessoas, hoje são mais de 300 funcionários, quatros lojas e mais de 170 hectares voltados para produção consciente


Na beira da BR-060, rodovia que liga a capital do país a Goiânia e se estende até Mato Grosso do Sul, João Benko e Divina Maria decidem começar a vender plantas para se sustentar.

Com o passar do tempo, mesmo que com pouca infraestrutura, a barraca começou a oferecer café, pão de queijo, cerâmicas, entre outros produtos aos clientes e teve seu CNPJ registrado com o nome que viria a se tornar um dos empreendimentos mais reconhecidos do estado de Goiás quando o assunto é sustentabilidade: Jerivá.

Somente depois de quatro anos de sua inauguração, em 1979, o negócio do engenheiro agrônomo e da psicopedagoga começou a decolar. João e Divina levaram seus produtos para serem expostos em uma feira em Brasília e, aos poucos, o que era uma simples barraca na beira da estrada foi ganhando corpo e eles começaram a contratar os moradores da região para trabalhar.

Desde início, a preocupação do casal estava relacionada ao empreendimento ser ecologicamente correto, viável economicamente e ter papel social responsável.

Gerações se passaram e o negócio que começou muito pequeno, com duas pessoas hoje tem mais de 300 colaboradores diretos e quatro lojas. Uma em cada sentido da BR-060, em Abadiânia, cidade onde o Jerivá nasceu e outras localizadas em Alexânia e em Goiânia.

Além da fazenda Jerivá que tem mais de 170 hectares e é autossustentável. Hoje, à frente do negócio, juntos aos irmãos, está o empresário e filho do casal, Fernando Benko.

"Da nossa fazenda para a sua casa": slogan da Fazenda Jerivá faz alusão à produção consciente em seus mais de 170 hectares

A fazenda Jerivá

O slogan “da nossa fazenda para sua casa” se justifica para quem conhece todo o processo de produção dos produtos Jerivá. Na fazenda são produzidos o leite, os ovos, as hortaliças, a carne de porco e os frangos que são utilizados nos produtos vendidos nas lojas.

Toda a produção é sustentável e pensada para não ser nociva ao meio ambiente, mantendo os valores dos fundadores desde a vendinha na beira da estrada.

“A nossa fazenda tem uma produção pecuária leiteira em torno de 200 animais em lactação. São mais de 5 mil litros por mês de leite que vão para as lojas. Antes deles chegarem para o consumidor, o leite passa pela indústria Jerivá, que é uma estação de tratamento do leite e ali também o material é transformado em outros produtos como queijos e doces. Então, a gente usa o leite como matéria prima e vende ele e seus derivados”, explica o sócio proprietário da Fazenda Jerivá Fernando Benko.

Além do leite, outros insumos são produzidos na fazenda, como os ovos caipiras que chegam a 1000 dúzias por semana. Os frangos, que seguem todos os critérios para serem denominados caipiras, como serem criados em local aberto, aproximam-se de 3600 unidades por mês, e a engorda dos porcos, que representa 120 animais.

Outra produção que, para Fernando, é o ‘xodó’ na Fazenda Jerivá é a horta orgânica. “A gente produz as folhas e vegetais que vão para o restaurante. São dois hectares que plantamos alface, cebolinha, salsinha, couve, cenoura, alho poró, cenoura, tomate e outras coisas”, conta o empresário.

Economia, meio ambiente e sustentabilidade

Para cuidar de toda a produção com garantia de qualidade e preservar o meio ambiente, e gerar economia, a fazenda criou processos autossustentáveis.

Por ano, segundo Fernando, são gerados pelos animais da fazenda cerca de 500 toneladas de dejetos. A partir desse material, são gerados gás, água para irrigação e adubo rico em nutrientes para o solo.

“A parte sólida do dejeto é separada e são acrescentados os bagaços da laranja e da cana usados nos sucos, restos do milho usado para fazer pamonha e cascas dos alimentos que vão para a compostagem. Depois é formado um super adubo que é usado nas plantações de milho que temos na fazenda. Com isso a gente reduz a dependência de adução química”, explica Fernando Benko. A parte líquida do material e o gás ali formado também são reaproveitados.

“O gás metano gerado que está no tanque, a gente processa e canaliza ele para virar fonte de energia. Já o liquido que fica, ele é usado para irrigação dos pastos das vacas. É um material extremamente rico em nutrientes”, conta. “Todos esses processos, apesar do nosso investimento, geram na casa de 30% de economia para a gente”, finaliza o empresário.

Reconhecimento internacional

Em 2015, o programa Plataforma de Inovação Agropecuária (Agricutural Innovation Marketplace), por meio da Empraba, levou à Fazenda Jerivá quase 100 pesquisadores de todo o mundo, entre eles representantes da Fundação Bill Gates, para poder conhecer o processo de produção do local.

O objetivo da visita era fazer com que os visitantes aprendessem técnicas que fossem reaplicáveis para pequenos produtores com intuito de promover investimentos para inovação e desenvolvimento no campo.

Para Fernando, a visita representou reconhecimento do trabalho iniciado por seus pais e hoje o maior desafio para ele é garantir a excelência e qualidade dos produtos para o público final.

“O maior desafio de quem empreende é fazer produto bom e para ter produto bom temos que ter matéria prima de excelência para chegar ao consumidor. Muita gente não sabe tudo que aconteceu até aquele produto chegar na vitrine da loja, mas é importante que ele saia dali satisfeito e querendo voltar”.


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