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Por Max Fonseca

Há um grande debate hoje na sociedade brasileira sobre como será o enfrentamento à Covid-19 daqui pra frente. Depois de um dos maiores isolamentos sociais do mundo, em praticamente todo o País as regras foram, pelo menos, parcialmente flexibilizadas. Há ainda restrições, mas temos lugares em que a aglomeração de pessoas está sendo permitida, ou, no mínimo, tolerada. Até de forma temerária.

Começou na Zona Sul do Rio de Janeiro, depois se estendeu às praias, nos feriados. Agora temos os comícios dos candidatos nas eleições municipais. No lazer ou na política, a situação se repete: pessoas reunidas sem respeitar os limites de distanciamento e sem usar máscaras de proteção. Imagens e filmes postados nas redes sociais e na imprensa viraram lugar comum em praticamente todos os estados brasileiros. Há quem peça providências, mas não há ninguém disposto a agir.

Em muitos locais do Brasil e também mundo afora, toda vez em que há a menor perspectiva de recrudescimento da pandemia, fala-se em fechar bares e restaurantes. Somos o vilão do momento. As aglomerações em ônibus, o fluxo gigante de pessoas em supermercados, farmácias e conveniências. nada disso nunca é discutido.

Já sofremos com decretos não debatidos com o setor sobre a proibição de funcionarmos por um grande período. Se ele serviu pra algo, foi pra nos prepararmos – nós, nossos funcionários e nossas casas - pra enfrentar o atual período de convivência com o vírus até que se encontre uma alternativa na saúde pública. Hoje, depois de avaliarmos, discutirmos e adotarmos práticas de prevenção, podemos garantir que os bares e restaurantes estão cientes do problema e capacitados a funcionar respeitando o que se definiu como boas práticas a fim de evitar o incremento no contágio.

Aí vem a pergunta: Não seriam os bares e restaurantes os lugares mais seguros para a sociedade? Funcionando sem restrições de horários, adaptados às novas regras, a exemplo de Brasília? Nossos jovens estão mais protegidos soltos nas ruas ou dentro de estabelecimentos que garantem os protocolos de segurança e que podem ser fiscalizados, orientados e até punidos, se for o caso?

Sabemos, também pelos estudiosos, que o homem, sendo o ser gregário que é, já sofre com o isolamento, e que busca, cada vez com mais urgência, voltar ao convívio, retomar seus relacionamentos. Daí a explosão de gente em tantos lugares, um escape pra voltar à vida social anterior.

Com as regras que temos hoje, com os bares e restaurantes sendo obrigados a encerrar as atividades de forma dissociada da demanda de seus públicos, tem restado aos clientes o uso desregrado dos espaços públicos, as ruas, sem qualquer estrutura para recebê-los, tentando, como podem, com seus próprios coolers e sistemas de som, reproduzir os ambientes que continuam proibidos de funcionar. Esse debate precisa ser feito, com todos os interessados, de forma responsável. E, definidas as regras, ter a garantia de que o ente público agirá para que se dê a melhor resposta a um problema que é de todos.

*Max Fonseca é jornalista, empresário no setor de bares e restaurante e conselheiro nacional da Abrasel

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