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Somente neste primeiro semestre de 2022, 15% dos associados da Abrasel no Ceará fecharam suas portas

Pesquisa realizada pela Abrasel mostrou apenas 35% dos bares tiveram lucro no mês de maio. Foto: Tânia Rego/Agência Brasil.

O setor de alimentação fora do lar foi o que pagou a maior conta dessa pandemia e acumulou grandes prejuízos durante o período pandêmico, sendo que muitas consequências de tudo que vivemos só começam a se manifestar agora.

Infelizmente era o que prevíamos quando, lá atrás, dissemos que muitas empresas só saberiam que estariam falidas ao reabrir suas portas e retomar suas atividades, com toda a carga acumulada de dívidas, impostos e falta de apoio governamental.

Somente neste primeiro semestre de 2022, 15% dos associados da Abrasel no Ceará fecharam suas portas. É um número muito alto, e que está sob uma cortina de fumaça, que é a abertura de novos empreendimentos do setor.

Quem passa na frente de novos bares e restaurantes, com grande movimento de pessoas, interpreta de forma míope e aparente que o setor está indo de vento em popa.

Precisamos chamar a atenção de todos que este ramo em sua grande maioria é formado por empreendedores-trabalhadores, onde 96% desse segmento, a rotina é: dormir de madrugada depois de exercer diferentes funções, começando na madrugada para as compras, até deixar a casa limpa ao final do funcionamento.

Novos investimentos e faturamento maior que no ano passado (quando havia ainda restrições severas) são a ponta de um iceberg rachado, com endividamento e alta inflação que vem corroendo as margens de lucro. Muitos estão agora imersos em dívidas das quais provavelmente nunca mais conseguirão se recompor.

Iniciativas que surgiram não resolveram o problema. O Pronampe, que em tese é uma linha de crédito voltado para micro e pequenas empresas, na prática acaba beneficiando apenas as grandes, assim como todo o sistema de crédito bancário, inacessível para quase 90% do setor, formado por pequenos, mas que juntos geram uma quantidade imensa de empregos no Ceará e em todo o país.

O Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos) é outro exemplo, pois só contempla 3% do segmento, e ainda exigindo que se entre na justiça para conseguir esse benefício.

Com urgência, precisamos de políticas públicas e de redução de impostos para micro e pequenos empresários. É urgente que o Congresso Nacional se mobilize para aprovar a Reforma Tributária e a desoneração da folha de pagamento, algo crucial para a manutenção das empresas e empregos.

Precisamos mudar essa realidade, antes que os novos, que estão chegando neste mercado, passem do sonho ao pesadelo da sobrevida curtíssima.

*Taiene Righetto é Presidente da Abrasel no Ceará.

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