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Por Max Fonseca

Mais uma vez a corda estoura do nosso lado: nós, que trabalhamos sério e dentro da Lei e das Regras.

Saímos, tão logo começou a onda do Covid em outros países, a conversar com empresas parceiras que já viviam a experiência no outro lado do mundo - Ambev, Coca-Cola e Heineken, dentre outras - para ver o que podíamos fazer em busca das melhores soluções.

Avaliamos, buscamos especialistas, conversamos com quem podia ajudar e nos preparamos. Elaboramos cartilhas, editamos cursos e treinamentos, disponibilizamos tudo isso para todo o setor, fizemos investimentos, treinamos nossas equipes e nos preparamos para continuar trabalhando de forma correta, sempre com o propósito de contribuir.

Mesmo assim, enfrentamos de cabeça erguida restrições que duraram mais de cinco meses.

Fizemos das tripas coração, evitamos ao máximo penalizar nossas equipes, investimos o que restava para trabalharmos em novos formatos, aprendemos - muitos - a sobreviver.

Exatamente isso, sobreviver, somente com o delivery e retirada nas lojas. Trabalhamos com faturamentos mínimos para não fechar nossos negócios - e não promover demissões em massa, pois sabemos bem qual impacto isso causa numa sociedade que tem no setor de Alimentação Fora do Lar o seu principal empregador, especialmente com nossa capacidade de absorver mão de obra com baixa ou nenhuma qualificação e ser grande responsável no Brasil pelo primeiro emprego.

Desesperados, fomos aos bancos: muitos de nós acabaram de pires na mão, pois as linhas apresentadas se destinavam aos grandes, quando nosso setor é composto em sua grande maioria - mais de 90% - por micro e pequenas empresas.

Pra quê?

Pra ver no País inteiro, quando a classe política precisou ir às ruas em busca de votos, as regras de isolamento e todos os protocolos serem rasgados.

Pra ver chegarem as festas de Natal e Réveillon e as pessoas "precisarem" se aglomerar porque estavam necessitando confraternizar com amigos e familiares.

Pra ver nos veraneios, praias e casas lotadas de gente que precisava espairecer, que não aguentava mais o isolamento.

Pra ver no Carnaval, que em tese foi proibido de Norte a Sul nas ruas, clubes e bares, mas sabendo que as festas familiares, de amigos e clandestinas aconteceram como sempre. Muitas destas, causadas pela proibição dos bares em realizá-las.

Além disso, enfrentamos a nova concorrência de quem passou a ver no fornecimento de refeições a domicílio uma alternativa após perder a ocupação em outras áreas. Quantos novos entraram na concorrência?

Essa luta, se digna pelo lado da busca do sustento, desleal pelo outro, pois entraram sem atender o que nos é imposto: atender exigências sanitárias, obrigações trabalhistas, tributárias e fiscais.

E agora mais uma vez nos apresentam a conta.

Nunca, em tempo algum, aqui ou em qualquer lugar do mundo, houve evidência de que contribuímos com o aumento das taxas de transmissão.
Não nos confundam!

Há quem, como grande parte da população, ignore solenemente as regras, mas esses não somos nós.

Onde se escondeu o poder público que não demonstrou a menor preocupação em combater festas clandestinas e outras nem tanto?

Era impopular?

E agora?

Punam-se os Bares e Restaurantes mais uma vez.

Sabemos que independentemente do motivo - corrupção, incompetência, má gestão -, quando os serviços de saúde colapsam, não há o que fazer, a ordem é restringir mesmo.

E apoiamos a decisão.

Mas e nós?

O que será dos Bares e Restaurantes?

É dever, agora, do poder público, nos três níveis, municipal, estadual e federal, acenar com ajuda pro setor de Alimentação Fora do Lar.

Estamos proibidos de trabalhar.

Temos locais aptos a funcionar, equipes treinadas e prontas para produzir e atender, insumos estocados para operarmos.

Mas nada podemos fazer.

Quem vai nos socorrer?

Precisamos rachar a conta!

*Max Fonseca é jornalista, empresário no setor de bares e restaurante e conselheiro nacional da Abrasel

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