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Desenvolvidos a partir de matérias-primas vegetais, os plant-based pretendem atender à demanda de consumidores que buscam uma dieta vegetariana ou vegana, bem como das pessoas que procuram reduzir a ingestão de produtos animais

Os alimentos plant based utilizam alta tecnologia e processamento industrial para aproximar os vegetais do sabor e da textura do alimento à base animal. Foto: New Meat/Divulgação

Os restaurantes já se projetaram ao centro da mais positiva agenda ambiental do planeta. São eles o “showrua” do início de uma grande e altamente positiva guinada ambiental no mundo. Refiro-me à decolagem global, a partir dos Estados Unidos, dos alimentos à base de plantas, os 'plant-based'.

Vejamos aí que está ocorrendo, em escala planetária, o que a Abrasel alardeou ao lançar, em 2015, o seu manifesto “A partir das ruas, simplifica Brasil”.

Agora, o que se passa é um disseminado avanço, a partir dos restaurantes, nos hábitos alimentares nas mesas da vida cotidiana, sejam elas as mesas das refeições em casa, nos refeitórios das empresas, nas cantinas das creches, escolas, nos hospitais e clubes.

Os benéficos impactos ambientais desse crescente hábito superam até mesmo os que advirão do carro elétrico Tesla, empresa fundada e dirigida por Elon Musk.

O veredito foi dado por Patrick Brown na entrevista que concedeu ao jornal The Washington Post. Brown é cientista, professor de bioquímica da Universidade de Stanford. Ele acabou se consagrando como uma das estrelas da criação e difusão das proteínas vegetais em substituição às proteínas dos animais.

Ao Post, o entrevistado afirmou: “Eles (da Tesla) estão fazendo algo muito menos impactante, que não é nem mesmo a fração de um por cento impactante quanto o que estamos empenhados em realizar”.

Fato é que a onda norte-americana dos alimentos 'plant-based' está se espalhando pela Europa e Ásia-Pacífico. Começa, também, a se formar no Brasil. No ritmo atual, o setor poderá faturar US$ 370 bilhões até 2035, correspondendo, então, à fatia de 23% de todo o setor mundial de carnes.

A projeção foi feita pela A. T. Kearney, uma das maiores empresas de consultoria do mundo.

A sueca Greta Thunberg, que se iniciou no ativismo pelo clima aos 12 anos de idade, quando parou de comer carne e viajar de avião. Aos 15 anos, passou a recorrentemente sentar-se no exterior do Parlamento sueco, alternando cartazes com advertências, como, por exemplo, a de que “não há um planeta B”. Protestava contra “a cegueira da humanidade”. Foto: Flickr

A guinada das proteínas animais para as proteínas vegetais decorre da evidência de que a pecuária é emissora global de 40% dos gases de efeito estufa. Paradoxalmente, espalham-se pelo globo terrestre vinte mil espécies de leguminosas (plantas da mesma espécie da soja, lentilha e ervilha, do feijão e grão-de-bico).

A ciência, aliada à tecnologia e ao empreendedorismo encontraram o meio de, com a mistura de leguminosas, se produzirem carnes vegetais muito semelhantes às oriundas de animais, tanto no sabor, quanto na cor, na textura e na aparência das carnes de boi, frango, peixes e mariscos. Na mesma toada, assim são produzidos leite e ovos vegetais.

Na verdade, no globo terrestre existem de 250 mil a 300 mil espécies de plantas comestíveis a serem “domesticadas” pelas ciências agronômicas. Há ainda muito chão pela frente. Hoje, 30% da superfície do planeta são cobertas por pastagens destinadas à criação e ao abate dos bovinos. Paradoxalmente, segundo a ONU, dez por cento da população mundial passam fome.

Há 20 mil espécies de leguminosas a serem cultivadas mundo afora. Todos os que se dedicarem ao cultivo das leguminosas poderão se viabilizar financeiramente. Disse Patrick Brown ao jornal The Washington Post: “Estaremos dando aos agricultores e pecuaristas outra fonte potencial de renda e, efetivamente, adicionando estabilidade às economias rurais”.

O advento das carnes vegetais ocorre como uma resposta ao tempo. É consensual que o salto científico-tecnológico das 'plant-based' veio do clamor geral, das muitas conferências ambientais, dos protestos nos espaços públicos, e até mesmo do Fórum de Davos.

É um movimento a partir das ruas, de baixo para cima, com um caleidoscópio de gente de todas as cores e idades, revelando fenômenos como o da adolescente sueca Greta Thunberg.

Os restaurantes são o palco que atrai a sociedade a aderir a esse espetáculo. Trata-se de uma verdade espelhada na relação entre as empresas que lideram o mercado americano de 'plantbased' e os respectivos números de restaurantes que vendem seus produtos.

A líder: Beyond Meats, 42 mil restaurantes. A vice-líder: Impossible Foods, 30 mil restaurantes. É no nosso setor da alimentação fora do lar que se decide o jogo.

*Paulo Solmucci é presidente-executivo da Abrasel

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