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Em teoria, o Brasil vem fazendo a sua “lição de casa” na busca pela retomada do crescimento, implantando reformas, promovendo ambiente “pró-mercado”, reduzindo juros e inflação a patamares baixos e, mesmo assim, o crescimento não acontece.

A taxa de crescimento do PIB em 2019 foi na ordem de 1.1%, baixo se considerarmos o histórico dos últimos anos e a capacidade do Brasil em gerar riqueza, seja pelo nosso mercado interno, nossa matriz industrial e energética, ambiente regulatório, inserção nos mercados globais, commodities, etc. Dessa maneira,
a pergunta que fica é por que o Brasil não cresce diante de variáveis econômicas positivas e como atenuar agora os impactos negativos de eventos internacionais, como o Coronavírus? Como diria Delfim Neto, “toda resposta simplista diante de um problema complexo, normalmente tende ao erro”. Assim diria que a resposta a essa pergunta não é tão simples. Mas tenho um palpite.

Como economista de formação e com a experiência de anos liderando projetos aqui e no exterior, arrisco em dizer que a explicação para o baixo crescimento do
Brasil passa pelo tema da produtividade das empresas, mas também pelo fato do problema do Brasil não estar no custo dos juros, mas na distribuição do capital,
investimento e crédito.

A taxa de juros e inflação baixas favorecem o investimento, geram previsibilidade, a geração de emprego e a confiança do consumidor em comprar e
aquecer a economia. Por outro lado, os empresários brasileiros passaram anos convivendo com níveis de endividamento elevado, impostos, custos de governo
não programados, além dos efeitos do desemprego nas famílias que também gera um endividamento em níveis altos. Temos um exemplo claro de que se chegou até a última "gota de sangue” da capacidade de consumo do brasileiro médio - e considerando que a queda de juros foi recente e o Brasil não houve tempo
suficiente para as empresas atrelarem seus negócios a esses novos patamares, além do fato das pequenas e médias empresas, caso de bares e restaurantes do Brasil, ainda não terem sentido os impactos dessa redução de juros na ponta.

Resumindo, custos elevados de produção (como de capital na ponta do empresário) e, consequentemente, margens menores somados ao desemprego
e endividamento das famílias na outra ponta são os elementos que explicam em parte os baixos níveis de crescimento econômico dos últimos anos.
Uma das alternativas experimentadas por diversos países e que pode ser liderado pelo setor de bares e restaurantes é o da economia circular. Afinal, o pão
de ontem vira pudim de amanhã, ou por que pagar por embalagens plásticas não retornáveis se podemos pagar pelo líquido e consequentemente um preço
menor, além dos custos que você e eu pagamos pelo recolhimento do lixo, aterros e manutenção de um sistema de coleta que acompanha o crescimento populacional. Mais gente, mais lixo, mais custo. E não é somente esse efeito econômico, o excesso de lixo tem
impactos ambientais e no clima afetando toda cadeia e a nossa sobrevivência.

Pensando por essa ótica, reciclando podemos baratear o custo de produção gerando maiores margens para o empresário, que repassa isso ao preço, que torna
mais acessível a população, que passa consumir mais, que aquece a economia, gerando mais empregos, mais e a retomada do crescimento econômico.



Alberto Weisser é CEO da VG8

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